Adoecimento físico e psicológico caminham juntos, a medida em que corpo e mente estão conectados

Pacientes que recebem atendimentos no Hospital Delphina Rinaldi Abdel Aziz, unidade vinculada à Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM) encontram acolhimento psicológico individual e em grupos durante todo o ano com intervenções voltadas à saúde mental com objetivo de agregar valor aos atendimentos.
A psicóloga hospitalar Ana Paula Nabero explica que, além dos serviços oferecidos beira-leitos, existem as intervenções coletivas que também fazem parte da rotina do hospital.
“O projeto ‘Re-esperar’ é voltado à pacientes em sala de espera para procedimentos cirúrgicos, oferecendo exercícios de respiração e relaxamento com intuito de reduzir o nível de ansiedade que pode causar alterações nos sinais vitais, além de tensão muscular. Após o início do projeto, reduzimos consideravelmente a quantidade de procedimentos suspensos”, explicou a psicóloga.

O paciente Raimundo Paulo Barros da Silva, 56, que aguardava para realização de cirurgia oftalmológica, conta que, esse trabalho de relaxamento momentos antes de passar pelo procedimento trouxe alívio e segurança para ele. “Foi ótimo, consegui relaxar, a gente fica preocupado, nervoso e apreensivo quando vai chegando a hora da cirurgia, e fazer esses exercícios que ensinou para gente, diminuiu o nervosismo e me deixou mais seguro, é uma coisa muito boa, muito positiva o que as psicólogas fazem com a gente”, contou o industriário.
Outro trabalho de cuidado com a saúde mental que é realizado dentro do Hospital Delphina pela equipe de psicologia é a intervenção coletiva com pacientes que estão internados em longos períodos na unidade. Duas vezes na semana é formado um grupo com pessoas que estão em tratamento, ou aguardando para passar por procedimentos.
“Esse tempo de internação mais longo gera sintomas semelhantes a ansiedade, como a angústia, estresse, frustração, raiva, humor deprimido devido ao tempo estendido dentro do hospital. Daí surgiu a ideia de formar um grupo terapêutico para que eles possam compartilhar as emoções, trocar experiências, receber acolhimento. Uma psicoeducação sobre pensamentos, emoções, comportamentos para aprendam a reconhecer essas emoções e as manejar, tendo assim mais controle das respostas comportamentais”, explica a também psicóloga hospitalar, Isis Gabriela Lemos que conta que essa intervenção também abrange familiares e acompanhantes que estão presentes no momento.

A paciente cardiopata, Maria do Socorro Silva e Silva Caldas, 58, internada na unidade há um mês, fala do apoio psicológico que recebe na unidade. Para ela, os encontros trazem conforto, e faz com que a espera seja mais tranquila.
“Estou com saudade de tudo, da minha casa, dos meus animais, dos meus filhos, do meu netinho, e mesmo internada esse tempo todo, me sinto acolhida. A maneira que elas conversam com a gente, explicam tudo direitinho, como podemos aprender a lidar com a situação, nos deixa tranquilos. Quando a gente vai para reunião me sinto com a autoestima melhor. Elas tiram nossas dúvidas, nos dá um novo fôlego. Nem sei como seria ficar internada esse tempo todo se não tivesse esse acompanhamento. A gente respira, e continua a vida, aguardando até poder voltar para casa”, disse a dona de casa, viúva, mãe de quatro filhos.
Janeiro Branco

Com o tema para o ano de 2024, ‘Saúde mental enquanto há tempo! O que fazer, agora?’, campanha nacional faz alusão a importância dos cuidados com a saúde mental aproveitando o primeiro mês do ano, que em termos simbólicos e culturais, as pessoas estão mais propensas a pensarem em suas vidas, em suas relações sociais, em suas condições de existência, em suas emoções e em seus sentidos existenciais.
“Falar em Janeiro Branco, de cuidar da saúde mental para essa realidade aqui dentro, é fundamental no sentido de que, quando se pensa em hospital, a gente foca muito no adoecimento físico, no adoecimento fisiológico e, no final das contas, corpo e mente estão conectados. Se você passa por um adoecimento físico, muitas vezes grave, mexe com o emocional. Esse tema vem como uma luz para refletir sobre o papel do psicológico no processo de saúde e na doença porque podem interferir contra ou a favor da melhora clínica do paciente”, explica a psicóloga Ana Paula.
Ações internas – saúde mental dos colaboradores

O Complexo Hospitalar Zona Norte (CHZN), que compreende o Hospital Delphina Aziz e a UPA Campos Salles realiza ações relacionadas à saúde mental com o objetivo de contribuir com o desenvolvimento das relações humanas no ambiente de trabalho, oferecendo suporte emocional quando necessário com atendimento individualizado, além das ações que avaliam riscos psicossociais, e trabalham o relacionamento interpessoal e gestão de estresse e tempo.
“A saúde mental dos colaboradores é algo de extrema relevância para a instituição, projetos como o ‘Qualidade de Vida’ que já faz parte da rotina e, agora, com o ‘Positivamente’, iniciado em janeiro, realizamos ações de descompressão, estejam eles em momentos estressantes ou não com atividades de prevenção, elaboradas por toda nossa equipe multiprofissional”, explica a psicóloga do trabalho, Jeane Pimentel.
Fotos: ASCOM/CHZN